domingo, 12 de fevereiro de 2012

Onde está Wally? [dã]


Quando vi essa foto, na página do Galpão Cine Horto, no Facebook, logo me fiz essa pergunta idiota referente àquela série de livros ilustrados de autoria britânica (se não conhece ou lembra, veja aqui). Chega até a ser engraçado lembrar que isso me era um passatempo gostoso, embora bem bobo, lá na casa da minha tia, onde tive a oportunidade, também, de ler gibis da turma da Mônica. E faço essa brincadeira silenciosa toda vez em que avisto uma foto de várias pessoas e sei que estou em algum lugar ali.

A foto, bem emblemática para o momento, é de uma atividade do Galpão Cine Horto, chamada “Sabadão 2012”. Nesta edição, além de conferir um ensaio aberto do espetáculo “Quintal”, o público também conferiu uma conversa com Gero Camilo, que prestou uma consultoria aos atores da Cia Casca.
 
Gero falou, entre outras coisas, da ligação entre corpo e voz numa encenação. No espetáculo em que dois adultos interpretam crianças, ele alertou para a “reação”, uma das grandes características do comportamento infantil: a resposta com o corpo. O silêncio, ele disse, é dramaturgia do adulto.

Lembrei disso e relacionei com o livro que comecei a ler “A cultura da participação” (este da imagem ao lado), em que o autor conta alguns dos casos em que governos tentam tratar conseqüências/efeitos/reações nas cidades, em vez dos problemas reais e, por isso, eles nunca são resolvidos. Tipo aquele médico que, depois de eu contar uma longa história que incluiu dores intensas de cabeça, desmaio e milhares de espirros, ele apenas me perguntou: o que você está sentindo agora?

Mas o livro também tem me feito perceber o quanto, muitas das questões boas e ruins que apontamos na internet e nas redes sociais, existiam desde a invenção da prensa de Gutemberg. E concluo o quanto “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, na voz de Elis Regina. E olha que eu nem gosto de vozes femininas na MPB, Bossa Nova, Samba e seus derivados. Prefiro as vozes das mulheres no “roquenrol” mesmo.

E também me faço a pergunta título desse post quando entro neste meu blog. Quase tão abandonado e esquecido quanto a dona (Giselle Lucena Drama). É verdade que ele não é, desde o princípio, o que eu imaginei que fosse. Meu diário eletrônico em que eu escreveria sobre o mundaréu de encontros e desencontros entre as idas e vindas do Acre até as Minas Gerais.

Até tenho vários post esboçados. Fotografias ensaiadas, ecos de poemas – juro, inclusive, que não bani a poesia, eu a busquei cada vez que falei em dor e solidão. Mas o mundo dos 140 caracteres tem me sido mais justo e lá estou eu falando seja dos cookies de chocolate, das saudades de casa, do Sherlock Homes ou da minha síndrome do intestino irritável, no Twitter. (veja aqui)

Ah, e como eu queria falar de tanta coisa... Mas, odeio tagarelice do mesmo jeito que odeio cigarros e, vejam só: outro dia a dona do apartamento onde eu moro veio aqui nos trazer uma reclamação da síndica. Esta, por sua vez, atendendo aos protestos da moradora do apartamento de cima, a respeito de um suposto cheiro de cigarro em seu banheiro, fez uma “pesquisa” no prédio e descobriu que o cheiro de cigarro sai do meu apartamento. A questão é que eu e meus queridos coleguinhas aqui não fumamos.

Mas dizem que a vida em sociedade é isso. Mesmo que eu passe longos momentos da minha vida dividida entre as conveniências da solidão do meu quartinho branco – agora com prateleiras – e as escuridões e pipocas das salas de cinema belorizontinas... Os espaços que dividem você e o outro serão sempre recheados de probleminhas que poderiam me render tantas crônicas, mas, nem...  Devo reconhecer, não sou mais a mesma com as palavras e elas também têm sido um tanto injustas comigo. Aqui-acolá até dou as caras pela Confraria dos Últimos Românticos (mas confesso que já fui mais romântica) e, num ritmo mais certeiro e objetivo, aqui no site do Observatório da Diversidade Cultural. 


Mas a vida deve ser isso mesmo. Descobrir. Aprender. Desaprender. Viver. Jogar I-Ching. Atualizar blog. Buscar uma religião. Passar num mestrado. Fazer polenta... E eu que sempre tive sono, tenho domado umas boas doses de remédios para dormir e eles pouco interferem nos meus sonhos. Hoje mesmo, aliás, vou realizar um deles: finalmente, vou assistir a um espetáculo do Grupo Galpão, um dos grupos teatrais que enche BH de orgulho, pela sua trajetória nacional e internacional. A situação pode ser descrita como morar há quase dois anos no Acre e nunca ter assistido ao Grupo Vivarte., da foto acima. (Também costumo trocar umas palavrinhas, vez e outra, na página deles).


E, quem sabe, eu aproveite para perder a vontade de acordar um pouco menos, e mais: inspirada para conversas como essas, que nos levam de bubuia a atravessar vários assuntos e suas correntezas de forma, sutil, como a canção do Skank, que tem um clipe incrivelmente belo - não é à toa que guarda o título de "Melhor Clipe", do VMB 2009.

E então, "mesmo que o mundo acabe, enfim", eu sigo na trilha dessa música, na sonoridade mineira, nos butecos dessa ida...

Um comentário:

Magda Tomaz disse...

Adorei o texto. ME identifiquei em algumas partes e fiquei muito emocianada no momento em que vc reconhece que já foi mais romântica. Acho que ser menos romântica, hoje em dia, é uma ciência e não conseguências vividas. Sorte e lucidez moça. Um grande abraço.