sábado, 1 de outubro de 2011

Quando a vida dói

E só vai saber pra que serve o tempo
Quem se preocupar quando houver saudade
Às vezes dói, como dói querer não sentir vontade


Talvez eu tivesse me apaixonado se não fosse o medo da inconveniência. E optei por engolir o vento que bate porta, bate janela, e me aponta as mesmas estrelas... Vantagens e desvantagens do décimo primeiro andar. Vantagens e desvantagens duma vida que apruma, volta, arrepende. Mas é com uma idéia suave que chega no meio da tarde de uma quinta-feira cinza; é com aquele poema quase música, de amor antigo que não vingou;  são com uns versos meio soltos do Pato Fu; com tudo isso que a vida parece plumar. Ou é meu corpo que enrijece?
Fiquei na dúvida. Apenas mais uma. Lembrei que a dúvida (além do “preço da pureza”) é também um medo da culpa, uma fuga da responsabilidade e da angústia do erro, uma tradução da insegurança. “Mesmo que a raiva vença a esperança, você sabe que amanhã vai estar tudo diferente”.

Nossa vida vai dizer o que mais importa
Todo mundo vai saber que o amor convém
Deixa tudo acontecer
Nosso filme


Naquele dia, a possibilidade do tudo diferente é que fez nó no peito, na garganta, nos joelhos. Há momentos em que a mesmice é o auge da alegria. Mas a metade do meu percurso, fiz com o vestido levantado; um cara quis me roubar o celular, mas nem teve força para anunciar o assalto; descobri que a água de coco de caixinha nem é tão ruim assim; arrisquei esboçar o que eu sentia e conheci a flor de candura. Embora tivesse desistido de mim, procurei entender as nuvens, decifrar enigmas de Einstein e ver um filme unicamente por conta do título. A ironia da vida não está à parte. Eu havia desistido, também, de escrever sobre o talvez que permeia corpo, vida, longitude. Mas me dei conta que os finais felizes da minha literatura vira-lata me fazem um bem danado.

*Em destaque, versos da canção "A dois", de Los Porongas. 

2 comentários:

MV disse...

"Eu quero o amor
da flor de cactus.
Ela não quis.

Eu dei-lhe a flor
de minha vida.
Vivo agitado.

Eu já não sei se sei
de tudo ou quase tudo,
eu só sei de mim,
de nós, de todo mundo."

j.artur disse...

...medo da culpa, uma fuga da responsabilidade e da angústia do erro, uma tradução da insegurança.

vc me descreve as vezes. :)