sexta-feira, 21 de outubro de 2011

do Latim Torpere


s.m. Estado de sensibilidade reduzida.
Estado tórpido de alguma parte do corpo.
Entorpecimento; adormecimento.
torpor |ô|
 [Figurado]   [Figurado]  Inacção.Inação.Inação do espírito.

Indiferença.

Sinônimos de Torpor

Torpor: indolência, moleza e preguiça

Definição de Torpor

Classe gramatical de torpor: Substantivo masculino
Separação das sílabas de torpor: tor-por
Plural de torpor: torpores
Possui 6 letras
Possui a vogal: o
Possui as consoantes: p r t
A palavra Torpor escrita ao contrário: roprot


Exemplo:

Entre os homens, na maioria dos casos, a inatividade significa torpor, e a atividade, loucura. -- Epicuro





  • portor


  • Anagramas de torpor

     

    *Foto: um doce mimo da Manu.

    quarta-feira, 12 de outubro de 2011

    Um ritmo

    Ou: simples como a infância
    Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos. (Fernando Pessoa )

    Quando criança, aprendi muitas coisas que só agora sou realmente capaz de compreender, embora, muitas vezes seja ainda incapaz de compor ao meu dia-a-dia. Naquela época, havia mais tempo. Os dias eram mais longos e a vida mais leve.
    Assim como a maioria das crianças, eu tinha medo de ficar sozinha. E por muito tempo fiquei só. A casa não tinha tantos cômodos como tem hoje, mas parecia ter o triplo do tamanho - era enorme. E eu, pequena e insignificante no interior dela. Também tinha medo do escuro e do silêncio.
    A minha sorte foi que desde cedo aprendi a colecionar versos, a decifrá-los e a acreditar neles. “Quem canta, os males espanta”, dizia um. Então eu cantava. E cantava em voz alta. E cantava tudo. E brincava de saltar pela casa, ligar TV, som, tudo de uma vez. Ficava imaginando que todo e qualquer mal tivessem medo da música. Monstros, fantasmas, seres do além, a mulher de branco do banheiro do Instituto São José, o boneco assassino do Fofão, bichos d’outro planeta. Todos eles se espantavam e iam embora quando eu cantava.
    Eu já sabia que música era como um manto de proteção.
    Hoje eu percebo que para tudo na vida existe uma canção, um verso, um ritmo. Para qualquer medo, qualquer aperto, qualquer saudade, qualquer dor, há uma música que conforta. Não é à toa que coleciono alguma meia-dúzia de ex-banda e alguns poemas órfãos de acordes. “Eu só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder”, me peguei cantando hoje no banheiro. E lembrei o quanto a música melhora e facilita tudo.
    E em toda a fase da vida somos convidados a bailar num determinado ritmo. Ora ele apruma pra um tempo que encaixa direitinho com o qual nos sentimos preparados. Passinho-pra-cá-passinho-pra-lá. Ora arriscamos piruetas, saltos e tanto tipo de rebolado. Ora tropeçamos, damos pisão no pé, caímos. Às vezes a gente senta, toma um fôlego e volta para a pista. Há danças que dançamos junto, há danças que dançamos só.
    E há momento em que este mesmo verbo sinaliza um fracasso: dancei.
    Independente de qualquer coisa, a música sempre vai continuar e exigir o bailado certo, assim como que para qualquer percepção, haverá sempre uma razão. Ou aprendemos a olhar, a ouvir e a entrar n'outros ritmos, ou vamos acreditar que só é possível uma única trilha...

    sábado, 1 de outubro de 2011

    Quando a vida dói

    E só vai saber pra que serve o tempo
    Quem se preocupar quando houver saudade
    Às vezes dói, como dói querer não sentir vontade


    Talvez eu tivesse me apaixonado se não fosse o medo da inconveniência. E optei por engolir o vento que bate porta, bate janela, e me aponta as mesmas estrelas... Vantagens e desvantagens do décimo primeiro andar. Vantagens e desvantagens duma vida que apruma, volta, arrepende. Mas é com uma idéia suave que chega no meio da tarde de uma quinta-feira cinza; é com aquele poema quase música, de amor antigo que não vingou;  são com uns versos meio soltos do Pato Fu; com tudo isso que a vida parece plumar. Ou é meu corpo que enrijece?
    Fiquei na dúvida. Apenas mais uma. Lembrei que a dúvida (além do “preço da pureza”) é também um medo da culpa, uma fuga da responsabilidade e da angústia do erro, uma tradução da insegurança. “Mesmo que a raiva vença a esperança, você sabe que amanhã vai estar tudo diferente”.

    Nossa vida vai dizer o que mais importa
    Todo mundo vai saber que o amor convém
    Deixa tudo acontecer
    Nosso filme


    Naquele dia, a possibilidade do tudo diferente é que fez nó no peito, na garganta, nos joelhos. Há momentos em que a mesmice é o auge da alegria. Mas a metade do meu percurso, fiz com o vestido levantado; um cara quis me roubar o celular, mas nem teve força para anunciar o assalto; descobri que a água de coco de caixinha nem é tão ruim assim; arrisquei esboçar o que eu sentia e conheci a flor de candura. Embora tivesse desistido de mim, procurei entender as nuvens, decifrar enigmas de Einstein e ver um filme unicamente por conta do título. A ironia da vida não está à parte. Eu havia desistido, também, de escrever sobre o talvez que permeia corpo, vida, longitude. Mas me dei conta que os finais felizes da minha literatura vira-lata me fazem um bem danado.

    *Em destaque, versos da canção "A dois", de Los Porongas.